28 de Fevereiro, o último dia deste mês — pelo menos na maioria dos anos. Uma data em que a música foi recheada de loucuras, ameaças, premiações e mais.
Em 1970, Peter Green, um dos fundadores da banda Fleetwood Mac, já dava alguns sinais de sua esquizofrenia — que mais tarde o deixaria num manicômio por um tempo. Naquela época, o músico tomava várias doses diárias de LSD, cultivava uma longa barba e passou a vestir-se com mantas, o que deixou o resto do grupo bastante apreensivo, especialmente após analisarem o conteúdo da melancólica canção “Man of the World”. Foi então que, no dia 28 de Fevereiro, ele confrontou seus colegas de banda sobre questões financeiras, insistindo obsessivamente que o grupo não deveria mais fazer dinheiro e que inclusive ele se livraria de tudo o que tinha. Sete anos depois, a situação ficou ainda pior: Green foi parar na cadeia depois de ameaçar seu empresário com uma espingarda. O motivo? Muito se especula sobre o assunto, mas umas das histórias mais aceitas é que ele teria ficado furioso com a insistência do empresário em lhe pagar seus devidos royalties!
Ainda em 1970, o Led Zeppelin, famoso pela sua dinâmica de improvisações no palco, foi obrigado a usar um novo tipo de improvisação durante um show em Copenhagen. Tudo começou no ano anterior, quando a banda gravou uma apresentação num talk show dinamarquês na presença da condessa Eva von Zeppelin, neta de Ferdinand von Zeppelin — inventor do dirigível que inspirou o nome do grupo de rock britânico. Naquela noite, Jimmy Page tentou mostrá-la que eram “caras legais” e que ela não precisava se preocupar com eles. Entretanto, suas tentativas logo foram por água abaixo quando a condessa ficou irada ao se deparar com a capa do disco do grupo: um dirigível em chamas (o guitarrista inclusive confessou ter precisado se esconder após o ocorrido). No ano seguinte, no dia 28 de Fevereiro, Eva von Zeppelin, já farta do uso supostamente indevido do nome de sua família, ameaçou processá-los caso eles tocassem na Dinamarca. A solução que a banda encontrou foi se apresentar sob o pseudônimo The Nobs. “Nós devíamos ter continuado como The Nobs,” brincou o baterista John Bonham. “Imagine como seriam as capas de nossos álbuns!”
Mais adiante, no dia 28 de Fevereiro de 1983, a banda irlandesa U2 lançou War, considerado seu primeiro álbum abertamente político, com destaque a canções como “Sunday Bloody Sunday” e “New Year’s Day”. Produzido por Steve Lillywhite, o disco tornou-se o primeiro do grupo a chegar à primeira posição das paradas do Reino Unido, passando por cima inclusive de Thriller, o grande sucesso que Michael Jackson havia lançado na época. Curiosamente, no dia 28 de Fevereiro do ano seguinte, não foi o U2, mas o eterno Rei do Pop que levou para casa a estatueta de álbum do ano no Grammy de 1984 — junto de incríveis seis outros prêmios.
Já em 2004, o dia 28 de Fevereiro foi um sábado e o rock da vez em Vila Velha começou cedo, às 15h. A grande atração do Underground Di Bixo, no Entre Amigos II, foi a banda Mukeka di Rato, que, apesar de estar promovendo o disco Acabar Com Você (2001), em apenas alguns meses lançaria pela Urubuz Records o Máquina de Fazer. Também estavam no line-up as bandas Antemic (que lançou naquele ano seu EP homônimo com músicas como “Minha Resposta” e “Ainda Aqui”), Audio (antiga banda do guitarrista Giuliano de Landa, ex-Dead Fish), Courage (grupo dos músicos Márcio, Junior, Pedro e Chico), [mono] (grupo formado por ex-integrantes do Dead Fish, cujo nome surgiu após seus membros escutarem o CD de uma banda chamada The Stereo), Divix (cujo vocalista que tocou neste show seria substituído até o final daquele ano) e Guitarria (que mantêm-se firme e forte até hoje).
Texto: João Depoli; Foto de capa: Flickr.