Explorando os estilhaços da existência, Duarte estreia com o EP ‘Poeira’

Músico capixaba agrupa o velho ao novo em sua busca pela transmutação dos acidentes
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Duarte na capa de seu EP de estreia, ‘Poeira’ (Crédito: Rodrigo Pablo).
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Depois de alguns anos sumido e ainda na promessa de um lançamento maior, o cantor e compositor Guilhermy Duarte, ou apenas Duarte, escolheu o ano de 2021 para fazer sua tão esperada estreia. ‘Poeira’, seu primeiro EP, saiu no dia 5 de fevereiro e conta com 6 faixas produzidas pela Perc Produções pautadas sobretudo na voz e violão. A única exceção fica com a última música, “ciência”, que indica novos rumos ao introduzir elementos mais eletrônicos e do universo R&B incorporados pelo produtor Chris Helv (Budah, Mary Jane, Akilla). É um conjunto sonoro bem sereno e que com apenas 15 minutos já consegue mudar a cara do seu dia.

“Se foi a totalidade dos acidentes que trouxe a gente até aqui, por que não transmutá-los a um estado mais potente? Por que não explorar os estilhaços desta experiência?”, questiona o artista no vídeo que lançou algumas semanas antes para a música “homem novo”. Nele, Duarte dá algumas pistas sobre o conteúdo lírico do lançamento, que por si só já é uma parcela extremamente significativa do disco. “Penso que qualquer lugar cabe; que as coisas servem nem que seja ao mínimo; que a vida desliza dum jeito mudo e curioso. Virá um dia em que ter colecionado estes momentos valerá a pena”, reflete.

Sobre colecionar estes momentos, as faixas do disco inclusive refletem tal condição. Elas englobam desde canções inéditas escritas para esta nova fase a composições que já o acompanham há mais de 6 anos, quando apareceu pela primeira vez no Soundcloud, em vídeos em seu próprio canal no YouTube, nos projetos Sonzêra e Elefante Sessions e até mesmo numa coletânea do Brasileiríssimos.

São músicas essencialmente simples, porém de um impacto absurdo. Nelas, os dedilhados doces e acústicos vindos do violão do artista encontram melodias graves e imponentes, ainda que suaves e acolhedoras. São as palavras, no entanto, que em toda sua delicadeza e precisão dão o tom poético e marcam a importância da obra.

Uma ótima pedida. Se liga aí:


Texto: João Depoli | @joaodepoli.

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