“Escute esse disco”, por João Lucas Ribeiro (Muddy Brothers, Hill Dreams)

Venha descobrir qual é o álbum que o João Lucas tem a nos recomendar para ouvirmos durante essa quarentena
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João Lucas Ribeiro em ação (Crédito: Fernando Yakota).
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Quinta-feira de sol com algumas traiçoeiras brisas congelantes por aqui. Esse é o clima perfeito para se escutar um bom disco enquanto as horas de mais um dia de isolamento se passam.

Nessa nota, quem escolhe a nossa trilha sonora de hoje é João Lucas Ribeiro, vocalista da banda vilavelhense The Muddy Brothers e uma das metades do duo country Hill Dreams.

“Já que estamos nessa, gostaria de exaltar o trabalho desse gênio incrível e de importância imensurável que foi Aldir Blanc, que nos deixou vítima da Covid-19”, diz o músico sobre o renomado compositor e escritor carioca. “Escolho o clássico perfeito com seu parceiro João Bosco, Caça à Raposa”.

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‘Caça à Raposa’, de João Bosco (Crédito: Divulgação).

Considerado o compositor da trilha sonora contra a ditadura militar e um dos mais importantes do país, Blanc na verdade começou na medicina, chegando até a se especializar na psiquiatria. Foi só aos 27 anos que decidiu largar tudo para se dedicar exclusivamente à música — o que poderia até soar precipitado, caso ele já não tivesse iniciado uma das mais ricas parcerias da música brasileira ao lado do cantor João Bosco.

Sobre Caça à Raposa, este foi o segundo disco que os músicos gravaram juntos. Lançado em 1975, ele possui doze canções que tiveram um papel fundamental na popularização de Bosco — tanto que boa parte delas foi posteriormente regravada pela cantora Elis Regina. Suas letras foram todas escritas por Aldir e retratam temas como violência urbana, repressão, tortura, revoltas, crenças e mais.

+ Leia o papo que tive com João Lucas, André Prando, Larissa Pacheco, Patricia Ilus, Henrique Mattiuzzi (Amanita Flying Machine) e Marcus Luiz (Intóxicos) no terceiro episódio da Quarentalks.

“Tenho um amor enorme por esse disco e durante a quarentena não consigo ouvir sem deixar a lágrima cair”, admite João, que é enfático em relação à recente morte do compositor vítima do novo coronavírus. “Até agora não engoli essa”, dispara. “Queria ter cruzado com Aldir em alguma rua do Rio pra pelo menos um aceno de cabeça, meia palavra, meio copo de cerveja”, devaneia o músico em tom de saudade e reverência.

“Te amo, Aldir”.

Clique aqui e confira as recomendações musicais feitas pelos demais artistas que participaram da série Quarentalks.

Texto: João Depoli | @joaodepoli.

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