Terça-feira e hoje temos um disco bem polêmico e cobiçado para garantir a trilha sonora de mais um dia em isolamento social. A responsável por sua indicação é Morenna, cantora vilavelhense famosa por sua passagem pelo grupo Solveris e também por sua atual e ascendente carreira solo, que teve sua estreia no ano passado com o EP Blá Blá Blá — cuja versão Deluxe saiu fazem só duas semanas.
“É um álbum que eu ouvi muito esses dias e que me deixa calma”, afirma a cantora sobre o primeiro volume de Racional, quinto álbum de estúdio do cantor carioca Tim Maia.
Lançado em 1975, esse é o primeiro dos discos que ele lançou inspirado pela Cultura Racional, uma religião derivada do espiritismo e fundada pelo médium Manoel Jacintho Coelho em meados dos anos 30. Maia se tornou um de seus adeptos após uma visita à casa do músico Tibério Gaspar, onde se deparou com o livro que inspirou todo o movimento: Universo em Desencanto — obra que trata de cosmologia, ecologia, metafísica, teologia e até mesmo discos-voadores.
“Ele aborda várias facetas das teorias que ele tava pensando na época e do que era o universo pra ele”, explica Morenna. “[Na música] ‘Universo em Desencanto’, ele fala que você vai conhecer o verdadeiro encanto quando você conhecer os desencantos, digamos assim. Você precisa ser exposto a algumas verdades pra realmente conhecer A verdade”, aponta.
O encanto, no entanto, durou pouco e Maia logo se viu numa corrida para tentar apagar qualquer vestígio dessa fase de sua carreira — o que acabou rendendo ao disco um status de cult, além de preços exorbitantes aos colecionadores. Apesar do baixo apelo comercial e também por ter sido ignorada pela crítica na época em que saiu, a série Racional hoje é tida como um ponto alto da carreira do artista, tendo inclusive ganhado um terceiro volume em 2011 — embora este seja um lançamento póstumo e fortemente vetado por Maia enquanto ainda estava vivo.
“É um álbum que me acalma e me traz um sentimento bom”, entrega Morenna. “Eu recomendaria ele com certeza pra galera que tá pilhada aí na quarentena”.
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Texto: João Depoli | @joaodepoli.
