Hoje é o Dia Mundial do Rock, então nada mais justo do que nos apropriarmos dessa data para instituir o Dia Mundial do Rock Capixaba. Fiquem então com essas 13 porradas que melhor representam o rock feito no Espírito Santo atualmente. Divirtam-se.
The Muddy Brothers, “What I Want”
Disponibilizado como um single em 2017, “What I Want” é o mais novo trabalho da banda The Muddy Brothers. O timbre dos riffs proferidos por Will Just aliados à batida certeira de Renato Just criam a atmosfera perfeita para os viscerais vocais de João Lucas Ribeiro, que canta sobre a eterna dúvida do que realmente queremos. Nos remete a um bar à beira da estrada numa daquelas noites dos anos 70 em que apenas música e whisky são a salvação. Um clássico instantâneo.
Whatever Happened to Baby Jane, “Teresa”
Quando Vanessa Labuto anuncia as primeiras batidas de “Teresa” — o último single lançado pela Whatever Happened to Baby Jane antes de seu disco de estreia —, somos automaticamente transportados para dentro de um mosh pit lotado, sujo, quente e com muito suor. No momento em que as guitarras e vocais de Lorena Bonna começam, já não há mais escapatória. Nosso único pedido é que a música simplesmente não acabe.
Colt Cobra, “I’m Bon Scott Tonight”
Em meio a um riff safado por onde escorre toda a malícia de seu fuzz característico, o grupo canela-verde Colt Cobra apresenta todo o seu blues punk em “I’m Bon Scott Tonight”. Nela, Alexandre Brunoro (voz e baixo), Rafael Almeida (guitarra) e Francisco Wyatt (bateria) fantasiam sobre a vida do segundo vocalista do AC/DC, Bon Scott, que morreu no banco de trás do carro de um amigo após uma noite de bebedeira extrema em Londres.
Auri, “Homem de Lata”
Faixa inaugural de Resiliência (2017), o disco de estreia da Auri, “Homem de Lata” sumariza muito bem a sonoridade do quinteto. Em pouco mais de três minutos, ela faz uso de elementos do rock progressivo, indie, pop, algumas brasilidades e mais — exibindo toda a versatilidade e técnica de suas composições. Mesmo envolta de metáforas, a mensagem da canção é bem simples. De acordo com a própria banda, ela “descreve alguém que pela sua experiência de vida não tem ou perdeu a capacidade de amar.”
Amanita Flying Machine, “Age of the Edge”
Recém saída do forno, “Age of the Edge” acabou de ser lançada no incrível homônimo EP de estreia do power trio Amanita Flying Machine. Influenciada pelos grandes mestres da guitarra, ela é uma daquelas músicas para se vender a alma numa encruzilhada escura no meio do nada. “What you gonna do when it comes your way?” questiona o vocalista e guitarrista Henrique Mattiuzzi num tom tanto aterrorizante quanto cômico.
The Devils, “A Momentary Anesthesie”
Inspirada pelos ícones do heavy metal dos anos 80—como Iron Maiden, Motörhead, UFO, Black Sabbath e Metallica—a banda The Devils lançou neste ano seu tão antecipado álbum de estreia, We Are The Devils. Nele está a maidenesca “A Momentary Anesthesie”, faixa em que ficam evidentes todos os elementos que o grupo meticulosamente reivindicou para construir sua sonoridade—proclamada como uma das representantes da autointitulada Nova Onda do Heavy Metal Brasileiro.
Broken & Burnt, “Dead Womb”
Num passeio pelo universo do stoner rock, a Broken & Burnt lançou a fantasmagórica “Dead Womb” como a sexta faixa de seu mais recente álbum, It Comes To Life (2016). Com um ritmo marcante e um clima angustiantemente pesado, é impossível não se ver batendo a cabeça durante seu poderoso refrão, quando o guitarrista e vocalista Hugo Ali deixa bem claro que não criará mentiras ou abrirá os olhos deste ventre morto.
Mukeka di Rato, “Minha Escolinha”
“Quero estudar para ser “dotô”/ Com muito carinho, com muito amor/ Procurar escola, me matricular/ E os coleguinhas eu vou ajudar,” canta o vocalista Sandro Juliatti na décima terceira faixa do primeiro álbum do Mukeka di Rato, Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra (1997). Repleta de sátira e crítica social, “Minha Escolinha” é uma das mais icônicas músicas da banda. “Mas não tinha aula, não tinha professor/ A escola era um lixo e podre era o odor/ Então voltei pra rua, até matar eu fiz/ Tanta cocaína comeu o meu nariz.”
Fundamental Zero, “Snake Shadow Friend”
“Snake Shadow Friend” é a faixa de abertura do primeiro álbum do Fundamental Zero, Pena (2015). Fruto da parceria entre o baixista Luiz Magnago e o guitarrista Giuliano De Landa, a canção tem uma linha de voz ácida cheia de sussurros malignos que se entrelaçam a uma base instrumental pesada e vibrante. Chapada no melhor do stoner rock, ela abre o caminho para o restante do trabalho do grupo, que mistura influências que vão desde Queens of the Stone Age a Michael Jackson.
André Prando, “Devaneio”
Todo bom disco sempre tem aquela pérola escondida, aquela canção que destoa graciosamente do restante do conjunto. Assim sendo, com Estranho Sutil (2015) — o primeiro disco do cantor e compositor André Prando — não poderia ser diferente. Como o próprio músico afirma, todos os seus lançamentos têm aquela tradicional música badtrip, e “Devaneio” é uma delas: uma faixa densa, inquietante e de tirar o fôlego de tão boa.
ÓCIO, “Pump Up The Jam”
Originalmente lançada na década de 90 pelo grupo belga de música eletrônica Technotronic, “Pump Up The Jam” foi a última música disponibilizada pelo power trio ÓCIO. Em sua interpretação, Daniel Furlan (voz e guitarra), Patrick Preato (bateria) e Rodrigo Larica (baixo) conseguiram disfarçá-la muito bem como uma das canções de seu catálogo. O resultado foi uma roupagem mais agressiva e visceral e que em nada prejudicou a energia e swing do hit de outrora.
Blackslug, “Everybody Told Me”
“Everybody told me/ I just can’t quit,” exclama o vocalista e guitarrista Leonardo Machado em meio a um grunhido arrepiante. “Everybody Told Me” é a sexta canção de Scumbag Messiah (2014), o álbum de estreia da Blackslug — banda de stoner rock que recentemente lançou o EP Old Habits Die Hard (2018). Guiada pelo simples porém certeiro riff de Paulo Emmerich (guitarra) e a cozinha agitada de Luiz Magnago (baixo) e Hugo Ali (bateria), Machado encontra o clima ideal para esbravejar sobre a imprevisibilidade da vida.
Dead Fish, “Autonomia”
“Nem errado, nem certo/ Nem bem, nem mal/ Nem rico, nem pobre/ Vencedor ou perdedor/ Humilde ou soberbo/ Apenas trilhando algo que é só seu/ Dentro e fora de moldes/ Criando outros clichês.” Dançando como um louco de olhos fechados guiando sem as mãos, essa é “Autonomia”, a segunda e uma das mais poderosas canções de Contra Todos (2009), da banda Dead Fish. Cantando sobre a busca pelo próprio caminho, o vocalista Rodrigo Lima guia o ouvinte numa jornada interior em meio aos belos riffs de Phil Fargnoli, o poderoso baixo de Alyand Mielle e a locomotiva das baterias de Nô. “Deixe seu coração bater.”
Texto: João Depoli | @joaodepoli.