“Escute esse disco”, por Rafael Braz (Auria)

Venha descobrir qual é o álbum que o Rafael Braz tem a nos recomendar para ouvirmos durante essa quarentena
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Rafael Braz nos vocais da banda Auria (Crédito: Mariana Perim).
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Nessa primeira semana pós-retorno do Inferno Santo já ouvimos belas indicações de discos. Tivemos recomendações de tudo quanto é canto, passando por Vitória (Dan Abranches), Cariacica (Ana Müller), Linhares (Cainã Morellato), São Paulo (Juliano Gauche) e até China (Hugo Ali). Agora chegou a vez de conversarmos com mais um representante da nossa capital: Rafael Braz.

Enquanto uns o conhecem como “aquele jornalista d’A Gazeta que dá ótimas dicas de filmes e séries e que de vez em quando solta umas verdades sobre bandas como Raimundos”, nós o apreciamos especialmente pelos nervosos vocais que ele entrega na banda Auria — quem não se lembra do poderoso show que eles fizeram no último Viradão Vitória, antes do Dead Fish?!

Composta por figuras de respeito do hardcore capixaba, os caras já estão na ativa há algum tempo. Seu último lançamento foi o álbum Nicolas Cage, disponibilizado em 2015, no aniversário de 10 anos da banda. Desde então eles tiram um tempo, fazem um show, somem mais um pouquinho e depois voltam para nos dar uma pala. Seu show de retorno com uma nova formação estava inclusive agendado para o dia 28 de março, embora o Corona, é claro, tenha nos privado disso também.

Enquanto esperamos essa volta, Rafael nos indicou Million Dollars to Kill Me (2018), o quinto álbum dos californianos da Joyce Manor. “[Tem sido] um bom companheiro pra mim. É um disco simples, curto, alegre e pop. Acho as melodias de vocal maravilhosas e adoro as letras dos caras”, elogia.

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‘Million Dollars to Kill Me’, de Joyce Manor (Crédito: Divulgação).

O nome do disco (no português: “um milhão de dólares para me matar”) tem um contexto no mínimo curioso. Vem de um trecho da biografia de Travis Barker (Blink-182, Transplants), no qual o baterista conta que chegou a oferecer essa quantia a alguns amigos para que eles… “o tirassem de seu sofrimento”.

“Isso ficou na minha cabeça. É o oposto do que todo mundo quer — dinheiro e não morrer”, disse Barry Johnson, o vocalista da Joyce Manor, sobre a história. “Oferecer dinheiro para morrer é muita loucura. Isso é super rock n’ roll”.

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Na época, Barker havia acabado de sofrer um acidente de avião que o deixou com severas queimaduras em 65% de seu corpo. Internado por 11 angustiantes semanas, foi submetido a 16 cirurgias e chegou perto de ter um pé amputado. Além do sofrimento físico, ele desenvolveu problemas de ansiedade e depressão pela culpa que sentia pela morte de seus amigos no desastre — os únicos sobreviventes foram ele o DJ AM (que morreu alguns meses depois devido a uma overdose). Daí o “pedido” aos amigos…

+ Leia a participação de Rafael no primeiro episódio da série Quarentalks ao lado de Ana Müller, Dan Abranches, Juliano Gauche, Cainã Morellato (Cainã e a Vizinhança do Espelho) e Hugo Ali (Broken & Burnt).

Ok, o disco pode até carregar um título bem soturno, mas no geral traz uma certa leveza em suas músicas — que não tem relação alguma com o evento. “É uma banda de origem punk, mas que foi ganhando novas camadas com o tempo e hoje faz algo próximo do power pop em discos de pouco mais de 20 minutos”, analisa Rafael. “Na falta de foco, é o consumo perfeito”.

Vamos lá.

Clique aqui e confira as recomendações musicais feitas pelos demais artistas que participaram da série Quarentalks.

Texto: João Depoli | @joaodepoli.

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